O Mythos e o Logos: a sabedoria grega nos mitos platônicos

Conhecer a si mesmo e o mundo das ideias através do mito, ou seja, chegar ao Logos através do Mythos: esta é a ideia principal que sustenta a sabedoria grega, como Platão ilustrou divinamente em suas obras. O mito da caverna, o mito de Er, o do cocheiro e de Eros nos mostram que no que chamamos de "realidade" nada é certo, tudo está em constante movimento: a verdade está fora do fogo, além da caverna e da própria mente, portanto no mundo das idéias, que Platão chama de "hiperurânio"; isto é, "além do céu".


Apolo, o Destruidor: "coincidentia oppositorum" no misticismo hiperbóreo e na escatologia

Embora considerado principalmente em seu significado "luminoso" e "urânico", na tradição arcaica Apolo combina as dicotomias mais extremas em sua mística e escatologia: o arco e a lira, a sabedoria e a "mania", a profundidade e a elevação, a catabase e a viagem em espírito para a Ilha Branca, a "Queda" do Ser e o retorno da Idade de Ouro. Partindo de fontes antigas, podemos encontrar conceitos semelhantes não apenas aos do xamanismo norte-asiático e da espiritualidade celta, mas também à visão sagrada de alguns poetas modernos - como Blake, Shelley e Yeats - cujo crisma apolíneo nos parecerá mais claro se analisarmos sua “Weltanschauung” à luz das doutrinas platônica e heraclitiana.