Nietzsche, o arqueiro, o arco e a corda bamba da vontade

A vastidão e a complexidade do pensamento nietzschiano encontram uma feliz síntese nos símbolos evocativos do arqueiro, do arco e da flecha; metáforas que o filósofo costuma usar em seus principais escritos, tanto que no Prólogo do “Zaratustra”, uma de suas primeiras advertências é: «Ai! Aproximam-se os tempos em que o homem não mais atirará a flecha do desejo para além do homem, e a corda do seu arco terá desaprendido a vibrar».

Apolo, o Destruidor: "coincidentia oppositorum" no misticismo hiperbóreo e na escatologia

Embora considerado principalmente em seu significado "luminoso" e "urânico", na tradição arcaica Apolo combina as dicotomias mais extremas em sua mística e escatologia: o arco e a lira, a sabedoria e a "mania", a profundidade e a elevação, a catabase e a viagem em espírito para a Ilha Branca, a "Queda" do Ser e o retorno da Idade de Ouro. Partindo de fontes antigas, podemos encontrar conceitos semelhantes não apenas aos do xamanismo norte-asiático e da espiritualidade celta, mas também à visão sagrada de alguns poetas modernos - como Blake, Shelley e Yeats - cujo crisma apolíneo nos parecerá mais claro se analisarmos sua “Weltanschauung” à luz das doutrinas platônica e heraclitiana.